CEC forma jornalistas das rádios comunitárias e membros da sociedade civil de Nampula em matérias de segurança para jornalistas em período eleitoral

Foto: Pedro Fumo

A formação, que reuniu 19 participantes, teve como objectivo aumentar o conhecimento dos jornalistas e líderes de opinião sobre das técnicas e estratégias de prevenção da violência, através da adopção de um discurso público que influencie a prevenção de actos de violência sem contudo renunciar a afirmação da legitimidade do valor do trabalho informativo, mesmo quando a informação difundida seja crítica, inconveniente e inoportuna aos interesses do poder estabelecido.

A capacitação acontece no actual contexto em que a liberdade de imprensa está minada em Moçambique. “Somos intimidados para não publicar certo tipo de matérias”, disse Jumito Zeferino, jornalista da Rádio Enhale, ao compartilhar a sua experiência sobre a manipulação e ameaças que os repórteres enfrentam nas rádios comunitárias em Nampula.

Foto: Pedro Fumo
Jumito Zeferino, repóter da Rádio Enhale falando dos desafios do jornalista comunitário em período eleitoral

Durante o evento, os participantes ficaram a conhecer alguns problemas centrais que acometem os jornalistas em períodos eleitorais, as causas e os respectivos  efeitos para o exercício da profissão e para a comunidade. Regina do Rosário, repórter da Rádio On’hipite,  salientou que mesmo com os riscos inerentes ao jornalismo comprometido com  verdade, o jornalista deveria ser profissional e assegurar que o cidadão esteja bem informado. “O jornalista é como um polícia, não pode deixar de fazer o seu trabalho, os riscos sempre vão existir”, realçou. Dentre vários temas abordados na formação, mereceram destaque tópicos como a ética e os aspectos chaves da media, assim como os crimes e os ilícitos em períodos eleitorais.

Linhas de pesquisa

I. As áreas de actuação do Centro
Para permitir uma melhor intervenção, o CEC compreende que a organização deverá ser regida por quatro áreas transversais dentro das suas linhas programáticas: i) Comunicação e Política; ii) Comunicação, Cidadania e Governação; iii) Comunicação, Género e Direitos Humanos; iv) Comunicação e Saúde Pública; v) Comunicação e Desenvolvimento. As actividades do CEC deverão, por isso, serem orientadas através de projectos de investigação enquadradas em linhas temáticas definidas nas suas diversas áreas de intervenção social. Estas pesquisas deverão alimentar as publicações do CEC (os cadernos do CEC e a Revista de Comunicação & Sociedade) para além de alimentar os seus fóruns de discussão pública, através de palestras, seminários, conferências e fóruns de discussões online.

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Edital de chamamento para publicação de artigo científico para a Revista Comunicação & Sociedade do CEC

Prezados(as) Autores(as) e pesquisadores(as)!
Com a finalidade de promover o debate e o diálogo académico com diferentes sectores da sociedade, o CEC tem vindo a produzir e publicar a Revista Académica “Comunicação & Sociedade”, com periodicidade anual, um Conselho Editorial, Científico e Revisão de pares, que tem como escopo a divulgação de trabalhos e pesquisas desenvolvidos nas áreas relevantes da Comunicação.

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Revista Comunicação & Sociedade 2021-2022

 

1. Revista Comunicacao & Sociedade Nrº 11/12 – 2021-2022 – Versão Integral [Download]

2. Introdução [Download]
Por: Isaias Carlos Fuel e Alexandre Dinis Zavale

3. Marshall Mcluhan e a Ecologia Midiática do Youtube [Download]
Por: Maurício Corrêa e Fabrício Silveira

4. Comunicação e negação da Pandemia de COVID-19 no Brasil [Download]
Por: Maria Helena Weber

5. Jovens Urbanos e Internet em Moçambique: Despolitizados ou Portadores de “Novas” formas de Participação Política? [Download]
Por: Dércio Tsandzane

6. Consórcios Intermunicipais entre Gondola, Chimoio e Manica: uma proposta para o Desenvolvimento Municipal [Download]
Por: Alexandre Dinis Zavale e Nádia Atalia Zavala

7. Midia e Representação do Conflito em Cabo-Delgado pela TVM e TV Miramar [Download]
Por: Isaías Carlos Fuel e Lazaro Mabunda

8. Midiatização de Ciência: Perspectivas sobre a abordagem de Ciência na Cobertura Telejornalística no Brasil e em Moçambique [Download]
Por: Ulysses do Nascimento Varela e Ada Cristina Machado Silveira

9. Mediatização e Educação Ambiental em Sociedades Contemporâneas [Download]
Por: Elias Djive e Francisco Ngoenha

10. Experiências do Audiovisual em Rapale-Sede: uma reflexão Barberiana em articulação com as preposições de Orozco [Download]
Por: Isaías Carlos Fuel

11. Um olhar atual sobre Moçambique a partir das Memórias e Lembranças buscadas no Kuxa Kanema pela e na TVM [Download]
Por: Fulgêncio Francisco Muchisse

Revista Comunicação & Sociedade 2019-2020 – Número especial

1. Revista Comunicacao & Sociedade Nrº 9/10 – 2019-2020 – Versão Integral [Download]

2. Prefacio e Introdução [Download]
Por Ernesto Nhanale e Luca Bussotti

3. A regulação da Midia em Moçambique [Download]
Por Tomás Vieira Mário

4. Organismos de regulamentação da media em Moçambique: estrutura e desafios no desenvolvimento da independência e pluralismo mediático [Download]
Por Alexandre Dinis Zavale e Isaías Carlos Fuel

5. A mídia moçambicana hoje: mapeamento, grupos de controlo e outsiders [Download]
Por João Miguel

6. Estratégias e Percursos da Digitalização da Televisão por Ondas em Moçambique (2006-2020) [Download]
Por Filipe Rui Baloi e Maria Corominas Piulats

7. Percursos formativos do jornalismo em Moçambique hoje: limitações e desafios [Download]
Por Ernesto Saúl Nhapanze & Cláudia Mbendane

8. A representação da mulher no jornalismo moçambicano: O caso das emissões radiofónicas [Download]
Por Luca Bussotti

9. Ética e deontologia no jornalismo moçambicano [Download]
Por Carlos E. Vitanisso

10. O Jornalismo moçambicano e as fake news: o novo desafio para a qualidade de informação [Download]
Por Celestino Joanguete

Chamada para Submissão de Artigos para a Revista Comunicação e Sociedade

Organizador: Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (CEC)

As Ciências da Comunicação são um campo interdisciplinar, pois agregam diferentes áreas ou especialidades na comprensão dos fenomenos. É dentro destes diferentes olhares que o Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (CEC), abre esta chamada para que diferentes pesquisadores da comunicação e de outras áreas contribuírem através de artigos de análise e reflexão sobre as práticas socioculturais de produção e consumo de mídia. Ler mais

Participação de mulheres no “Pontos de Vista”, decisão política ou editorial?

O programa “Pontos de Vista” pertencente ao grupo SOICO (STV), é um dentre os vários programas informativos em que são debatidos os mais diversos assuntos ligados a nossa sociedade a nível político, económico e social sob apenas um ponto de vista, o dos homens.

Transmitido somente aos Domingos, o programa é apresentado pelo jornalista Jeremias Langa, que modera um debate entre três convidados ligados aos partidos políticos que compõem o parlamento moçambicano, Frelimo, Renamo e MDM.

O debate tem como comentadores fixos os deputados Feliz Sílvia[1] da Frelimo, António Eduardo Namburete da Renamo, Lutero Simango do MDM. No caso de impossibilidade dos comentadores residentes para comparecer ao debate os deputados residentes são substituídos por outros. O deputado Eduardo Namburete já foi substituído pelo deputado António Muchanga e Ivan Mazanga e o deputado Lutero Simango é actualmente substituído pelo também deputado Silvério Ronguane.

O programa “Pontos de Vista” existe desde 2014  contando apenas com dois painelistas (os jornalistas  Fernando Lima  e Tomás Viera Mário que  também  é jurista) mais tarde teve como painelistas os jornalistas (Salomão Moiane e Ercino de Salema que é igualmente jurista). Desde o inicio do debate o mesmo foi sempre moderado e apresentado por um homem, o jornalista Jeremias Langa.

  O debate foi ao ar pela primeira vez em 2020 no dia 19 de Janeiro, só neste ano, o programa já foi transmitido 29 vezes sem no entanto apresentar uma mulher como convidada.

Percebe-se que este programa começou tendo apenas jornalistas e juristas como convidados e actualmente apresenta apenas deputados como painelistas. No entanto, a questão que se coloca aqui é  a seguinte será que não existem mulheres jornalistas, juristas ou deputadas capazes de opinar sobre os assuntos debatidos no programa Pontos de Vista ?”

O deputado Eduardo Namburete que também é um dos painelistas deste programa, para além das suas actividades políticas é activista de género e pesquisador de jornalismo, comunicação e media, defendeu que, para que haja equidade na mídia, “os jornalistas devem perceber que todos os assuntos envolvem homens e mulheres” extracto do relatório da IREX Moçambique  em 2012 sobre Mídia e Género,.

De acordo com Namburete, este é um problema originado da socialização onde se enraizou a ideia de que os homens dominam alguns assuntos melhor que as mulheres. “o grande problema é que da mesma maneira que a sociedade ainda não ultrapassou esta barreira de pensamento, a comunicação social também não” disse o deputado aos jornalistas do .

Várias organizações da sociedade civil já promoveram formações em género para os jornalistas, contudo a exclusão das mulheres em programas de debate sobre política, economia e desporto continua vigorosa.

No mesmo relatório da IREX Moçambique, a activista dos direitos humanos, Benilde Nhalivilo, disse que devia-se incidir mais sob as lideranças, os gestores de mídia e sob os editores de modo a que garantam a equidade de género.

O programa “Pontos de Vista” tem como editor um homem, o jornalista Jeremias Langa, que modera um debate entre  três  homens. Se de acordo com Nhalivilo, o foco deve estar nas lideranças ou nos editores, qual é o papel dos mesmos na  garantia da equidade de género neste debate?

Uma outra questão que se levanta após uma  análise deste programa  diz respeito a responsabilidade pela escolha dos convidados do mesmo. Será esta escolha feita pelo jornalista ou pelos partidos políticos?

O facto é que o parlamento moçambicano não é só constituído pelos 147 homens (94 da Frelimo, 44 da Renamo e 6 do MDM) mas também, por  103 mulheres das quais 87 são do partido Frelimo e 16 da Renamo. No entanto nenhuma delas compõe o painel do programa Pontos de Vista. Será que as mulheres não podem defender bem os posicionamentos dos seus partidos?

É um facto que nos partidos políticos a voz dos homens é sempre a mais privilegiada em  cargos de tomada de decisão. Por exemplo a nível das comissões de trabalho na Assembleia da República, a voz dos homens era a mais privilegiada visto que de um total de 8 comissões de trabalho na XIII Legislatura, os homens ocupavam o lugar de relator em 7 e as mulheres em apenas uma (5ª Comissão de Defesa e Ordem Pública). Sublinhe-se que esses são dados de uma pesquisa feita pelo Centro de Estudos interdisciplinares de Comunicação, CEC em 2019.

No novo figurino da AR, os homens continuam a ser privilegiados em detrimento das mulheres para ocupar o cargo de relator. Na IX legislatura o cenário se repete a legislatura passada, visto que há apenas uma  mulher ocupando a posição de relatora, (Maria Angelina Enoquena) na terceira Comissão, a Comissão de Administração Pública e Poder Local.

Notamos desta análise que o que sucede nos partidos políticos repercuti-se na mídia. No que diz respeito a diversidade de fontes em género na mídia, o pesquisador Eduardo Namburete identificou um outro problema que concerne ao  facto da maior parte dos dirigentes nacionais ser do sexo masculino, o que aumenta as chances de que o jornalista recorra a um homem como única ou principal fonte de informação.

Contudo, a fonte acrescenta que isto não justifica a falta de pluralidade das fontes pois é preciso multiplicar as fontes e diversificá-las, podendo essa diversidade ser em idade ou em sexo, pois só assim é que se cria uma boa história ou um bom debate.

É, no entanto, impossível identificar uma  diversidade em género no programa “Pontos de Vista” visto que o mesmo não apresenta nenhuma mulher, apesar de existirem 103 deputadas na AR.

A sua ausência do programa Pontos de Vista deixa entender que pode haver uma percepção de que nenhuma delas é competente o suficiente para representar o seu partido no programa. Este programa é totalmente diferente do programa “Opinião no Feminino”  um debate informativo  da STV que para além de deixar claro que se trata de um debate entre mulheres, é apresentado por um homem, garantindo assim uma diversidade de género.

Por Alexandrina Arnaldo Ler mais

Instruendas engravidadas em Matalane: Associação dos Polícias de Moçambique revela que a prática é antiga no centro e que sempre houve solução interna

 

O presidente da Associação dos Polícias de Moçambique Nazário Muanambane revelou que situações do envolvimento de instrutores e instruendas no Centro de formação de polícias de Matalane, na província de Maputo já vinham acontecendo normalmente, mas que sempre houve maneiras de resolver o assunto através de medidas internas.

Nazário Muanambane que fez a revelação durante um debate online pela plataforma zoom esta sexta-feira 14 de Agosto sobre o tema MASCULINIDADES E ASSEDIO SEXUAL: Reflexões a partir do caso de Matalane disse ainda que “já houve casos em que um instrutor foi obrigado a casar com a instruenda” como forma resolver o problema.

Esta é a segunda vez em que a Associação dos Polícias de Moçambique pronuncia-se sobre o assunto, sendo que a primeira foi bastante criticada pela sociedade dada a forma como abordou o assunto por via de argumentos que culpabilizavam as instruendas pelo facto.

Na entrevista concedida ao Jornal Magazine de 12 de Agosto Nazário terá afirmado que “Raparigas são preguiçosas e querem trabalho leve dos instrutores”.  

Entretanto apesar da preocupação que a associação tem em pronunciar-se publicamente sobre o assunto, Nazário diz haver uma necessidade de se fazer pressão para que o dirigente da polícia fale sobre o assunto publicamente por forma a evitar especulações, acrescenta que suas opiniões actuais sobre o facto são baseadas no conhecimento que tem da realidade nos Centros.

“É preciso investigar a fundo para sabermos o que de facto aconteceu, não podemos esquecer que essa informação não foi oficial, houve vazamento de informação e por tanto há muita especulação sobre isto”, frisou Muanambane.

A informação sobre as 15 instruendas de Matalane engravidadas pelos instrutores circula desde o fim de semana nas redes sociais através de um documento que emite um despacho do Comandante Geral da PRM datado de 28 de Julho, no qual Bernardino Rafael anunciava num rol de decisões a instauração de um processo disciplinares contra os instrutores que engravidaram as instruendas.

 Por seu turno a jornalista e Activista Social pelos Direitos Humanos Fátima Mimbiri também oradora no mesmo debate afirma haver um mau entendimento do que é o assédio sexual, e explica que o assédio sexual tem que ver com a existência de um desequilíbrio em termos de relações de poder.   

“Não há isso de que elas concitaram, elas quiseram. Nenhuma pessoa em relação ao seu chefe aceita ter relações sexuais” conclui.

O jurista Custódio Duma afirma ser pertinente apurar se houve denúncia desse caso por parte das instruendas não havendo, as organizações da sociedade civil sobretudo as que lutam pelos direitos das mulheres podem fazê-lo sem descartar no entanto, o contacto com as vítimas.

“Havendo essa denúncia é importante que elas participem de modo a fornecer mais dados sobre o assunto porque está a se falar de 15 instruendas engravidadas, mas eventualmente o grau de dano, o tipo de violência que elas sofreram, a força que foi impingida para cada uma delas pode merecer alguma atenção especial”, elucidou.

De acordo com o código Penal Moçambicano no seu artigo 224 sobre o assédio sexual os instrutores incorrem a uma pena de 10 a 40 salários mínimos.

Por Esmeralda Livele

COVID-19: Suspensão de exames de rastreio do cancro pode desacelerar índice de diagnósticos precoce da doença.

O índice de diagnóstico precoce do cancro do colo do útero pode desacelerar perigando a vida de mais mulheres devido ao cancelamento de exames de rastreio da doença nas unidades sanitárias, como uma das medidas de controlo da propagação do novo coronavírus, uma doença letal de rápido contágio que assola o mundo desde Dezembro passado.

Moçambique apresenta o índice mais elevado (72%) de prontidão nos serviços de rastreio do cancro do colo do útero, de acordo com o Inventário Nacional sobre a disponibilidade de Infraestruturas, Recursos e Serviços de Saúde designado SARA2018: Inventário Nacional consultado pelo Media Femme.

Depois do registo dos primeiros casos da COVID-19 no país, o Ministério da Saúde anunciou um conjunto de medidas restritivas para conter a propagação do vírus dentre as quais o cancelamento de consultas externas. No entanto,  aos doentes crónicos que precisem de acompanhamento permanente bem como outros serviços de urgências abriu-se um excepção.. 

Entretanto o Media Femme Constatou em algumas unidades sanitárias da Cidade de Maputo (Hospital Central de Maputo e José Macamo) que está igualmente suspensa a realização do exame do rastreio do cancro do colo do útero, uma das doenças mais mortíferas para as mulheres no mundo e no país. 

Profissionais da saúde com os quais interagimos no local avançaram sem datas a possibilidade de retoma do serviço ainda no final deste mês.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) o cancro do colo do útero é responsável por mais de 250 mil mortes de mulheres por ano a nível mundial. A contribuição de Moçambique nestas estatísticas é de cerca de 3000 mortes só em 2018 segundo dados disponíveis do Ministério da Saúde (MISAU). 

O rastreamento do cancro do colo do útero tem a finalidade de identificar indivíduos com sinais anormais que sugerem a existência de um câncer ou pré-câncer que não tenha desenvolvido nenhum sintoma e encaminhá-los em tempo útil ao diagnóstico e tratamento.

Ainda segundo a OMS, o diagnóstico precoce do cancro do colo do útero oferece uma garantia de cura em 80%, sendo recomendável a partir dos 40 anos de idade exames de rastreio da doença.

Moçambique só iniciou um programa concreto de prevenção e tratamento do cancro em 2010 com menos de 22 unidades sanitárias equipadas, até 2019 o número havia aumentado para mais de 400 unidades com extensão para algumas zonas remotas.

Ainda no ano passado foi lançado um Plano Nacional de controle do Cancro 2019-2029 com metas a curto prazo (três anos), médio prazo (5 anos) e longo prazo (10 anos). O plano contempla igualmente a extensão da rede de unidades sanitárias de diagnóstico do cancro no país de 400 para 800. 

Por Esmeralda Livele

 

 

 

Relatório de Monitoria da Cobertura dos Media nas Eleições Gerais de 2019 em Moçambique

A análise da cobertura dos media nas eleições gerais de 2019 foi realizada em 16 (dezasseis) órgãos, sendo 4 (quatro) de radiodifusão (Rádio Moçambique, Televisão de Moçambique, Soico Televisão e Televisão Miramar), 3 (três) jornais diários (Notícias, O País e Diário de Moçambique) e 7 (Sete) semanários (Savana, Zambeze, Domingo, Magazine Independente, Canal de Moçambique, Dossier & Factos e Público).

Associando diversos indicadores de análise de conteúdo, a monitoria da cobertura dos media buscou, de forma sistematizada mostrar até que ponto os jornalistas reportaram as actividades de
campanha dos principais partidos e candidatos às presidenciais numa base profissional e equilibrada, em obediência à lei, ao código de conduta e deontologia profissional, assim como ao Código de Conduta da Cobertura Eleitoral (MISA e SNJ, 2009).
Aplicando procedimentos apropriados de análise de conteúdo,
conforme ilustra o capítulo da metodologia, os pesquisadores produziram resultados, apresentados sob forma de tabelas de frequências, descritas de forma sumária no capítulo dos resultados.

Para ler o documento, queira por favor clicar em download no botão abaixo! 

Covid-19 agrava desigualdades de género entre raparigas e rapazes

Comemorou-se , a 16 de Junho, o dia da Criança Africana.  A efeméride foi celebrada numa altura em que o país e o mundo enfrenta uma crise humanitária, a pandemia da Covid-19. Para este ano, o Dia da Criança Africana foi celebrado sob o lema “Proteger a Criança é Garantir o Futuro de Moçambique, olhando a necessidade de consciencialização do trabalho infantil, albinismo, uniões prematuras, bem como a protecção da criança contra a Pandemia da Covid-19 e também a preocupação em relação às crianças que vivem em zonas de conflitos armados.

Devido ao fecho das escolas e outras infra-estruturas de apoio, aumenta a sobrecarga de trabalho não pago no contexto da família e da comunidade. Este tipo de ocupação recai sobre as raparigas e os rapazes de formas diferentes. Devido a questões culturais, rapazes e raparigas são ensinados desde cedo que as tarefas domésticas (cozinhar, lavar, cuidar as crianças), são exclusivamente para raparigas e mulheres.

Para Dalila Macuácua, coordenadora geral da Associação Sócio Cultural Horizonte Azul,organização não-governamental que milita em prol dos direitos humanos das crianças, raparigas e mulheres, “a suspensão das aulas aumenta as desigualdades de género, com as meninas a verem reforçada a carga horária nas tarefas domésticas e a verem eliminado o tempo para estudarem”.

Por outro lado, a pandemia de Covid-19 apenas veio reforçar uma realidade que já existia em Moçambique, o trabalho infantil. “O trabalho infantil não é de hoje, apenas a Covid-19 a veio reforçar. Em Moçambique, a maior parte das comunidades que vivem nas áreas periurbanas e nas áreas rurais dependem de uma economia informal diária. As crianças, se já se faziam à rua para vender pequenos produtos para reforçar a renda em casa”, refere Dalila.

Em tempos de crise, milhões de crianças em todo o mundo são empurradas para o trabalho infantil. Um relatório publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), intitulado A Covid-19 e trabalho infantil: num tempo de crise, é tempo de agir, indica que a crise provocada pela pandemia pode conduzir a um aumento da pobreza e a um aumento do trabalho infantil porque as famílias usam todos os meios para sobreviver. O documento explica que as crianças que já eram obrigadas a trabalhar correm o risco de trabalhar ainda mais horas ou em piores condições e que muitas delas podem ser forçadas às piores formas de trabalho infantil.

De acordo com os dois organismos, a pandemia de Covid-19 e o encerramento temporário de escolas veio piorar a situação, afectando mais de mil milhões de alunas e alunos em mais de 130 países.

Em Moçambique, mais de um milhão de crianças com idades compreendidas emtre 7 e 17 anos estão envolvidas no trabalho informal e so na cidade de Maputo contabilizam-se mais de 300 mil crianças, de acordo com os dados apresentados no Portal do Governo de Moçambique. O sector informal é o mais crítico, com 74%.

É recorrente ver crianças e adolescentes nas ruas e mercados da cidade de Maputo a venderem diversos produtos, apesar de o país estar a observar o estado de emergência e as autoridades recomendarem que fiquem em casa.  Alguns menores deambulam à procura de clientes estando expostos a vários riscos. Outros encontram-se nos mercados e pequenas bancas improvisadas nos passeios.

É o caso da Jéssica Alfredo (nome fictício), ela tem 12 anos de idade e vive com os pais e dois irmãos mais novos, no bairro 25 de Junho, na cidade de Maputo. Com a paralisação temporária das aulas, Jessica alterna os trabalhos domesticos e a venda de produtos alimentares no mercado. A menina ajuda a mãe a vender numa banca do mercado próximo. “Quando minha mãe precisa fazer alguma coisa em casa, eu fico aqui no mercado a vender e quando ela volta eu regresso a casa para cuidar dos meus irmaos”, conta a menina, entre algumas pausas para atender os clientes.

Antes do fecho da escola, a menina dividia o tempo entre o estudo e o trabalho e hoje o tempo é dividido entre as tarefas domesticas e o sustento da família.

Por Lédeny Gove

Estatísticas de impacto laboral ignoram discriminação de dados por género

Por Esmeralda Livele

Os dados estatísticos sobre o impacto da Covid-19 no sector laboral em Moçambique divulgados pelo Ministério do Trabalho Emprego e Segurança Social (MITESS) no decurso do Estado de Emergência excluem a categoria género na sua avaliação, o que pode potenciar desequilíbrio  no planeamento e resposta à pandemia no país.

O MITESS na sua avaliação de impacto considera variáveis como província, número de trabalhadores, sectores afectados, situação salarial e ponto de situação dos trabalhadores, sem incluir a componente sexo, aspectos que permitiria visualizar como homens e mulheres estão a ser afectados pela pandemia no mercado do trabalho.

De acordo com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), a desagregação de dados por sexo constitui o ponto de partida para a construção de indicadores de género, que servem para sensibilizar aqueles que fazem e planeiam políticas públicas garantindo ideias para maior equidade, monitoramento e avaliação das políticas.

A Organização Internacional de Trabalho (OIT) alerta em seu relatório COVID-19 and world of work: Impacts and responses que, a pandemia poderá afectar diversos grupos de maneira desproporcional e por conseguinte agravar a desigualdade.

De acordo com a última actualização de dados do impacto laboral da Covid-19 feita pelo Ministério do Trabalho Emprego e Segurança Social, no final de Maio 789 empresas haviam suspendido contratos afectando 2790 trabalhadores com todos direitos salvaguardados de acordo com o artigo 123 da lei do trabalho.

Do universo de empresas acima mencionado em 18 faliram deitando 1030 trabalhadores ao desemprego, 91 empresas optaram por férias colectivas, abrangendo 922 trabalhadores, 96 empresas elegeram rotatividade com 972 trabalhadores, 16 estão em teletrabalho com 892 trabalhadores, 23 reduziram 858 trabalhadores e 34 solicitaram trabalhar com efectivo acima de 1/3 com 4.728 trabalhadores. 

Entretanto o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Indústria Hoteleira, Turismo e Similares (SINTIHOTS) dava conta de 21.507 mil trabalhadores afectados no seu sector de actividade na última actualização. Sem discriminar o género igualmente, os números do SINTIHOTS apontam cenário pior para região sul país com maior concentração de empresas do ramo.

A Organização das Nações Unidas (ONU) em seu relatório Impacto da Covid-19 nas mulheres refere que, considerar questões de género é essencial para uma resposta rápida aos impactos da CoronaVírus.

Moçambique está no terceiro mês de estado de emergência, ao mesmo tempo que assiste a uma crescente propagação da corona vírus tendo iniciado contágio comunitário na província de Nampula. 

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