Ernesto Nhanale(*1) Para a análise da pré-campanha eleitoral, elegemos como variável de análise a orientação temática da cobertura feita. Dez meios de comunicação analisados, nomeadamente, os Jornais Notícias, Diário de Moçambique, Opais, Savana, Zambeze, Domingo, Magazine Independente, Canal de Moçambique, A Verdade e Rádio Moçambique (RM)(*2) , no período de 20 a 31 de Agosto, foi recolhido um total de 38 artigos, abrangendo actividades de pré-campanha de 05 dos 30 partidos e movimentos políticos concorrentes às eleições. Segundo a tabela abaixo, o partido Frelimo foi o que teve o maior número de artigos publicados, durante a pré-campanha, seguido do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), depois da RENAMO; depois, o Partido para Paz, Democracia e Desenvolvimento/Aliança Democrática e Partido do Progresso do Povo de Moçambique. O resto dos partidos e movimentos não tiveram nenhuma aparição na imprensa, neste período. Por outro lado, dos dez meios analisados neste período, somente 07 (Notícias, Opais, Savana, Zambeze, Domingo, Magazine Independente e Rádio Moçambique) tiveram atenção em questões eleitorais. A tabela 2 permite visualizar a distribuição dos artigos analisados pelos sete meios analisados, neste período. Destes artigos, foi feita a análise do enquadramento temático dado pelos jornalistas à cobertura dos partidos políticos. Vamos, em primeiro, definir e apresentar a variável de enquadramento temático na cobertura eleitoral. O enquadramento das matérias é uma das variáveis usadas em diversas análises de cobertura de campanhas eleitorais, sobretudo nas que mais se preocupam com o tipo de construções que os jornalistas fazem dos assuntos. De acordo com Norris e Patrick , os enquadramentos podem ser classificados em 4 categorias: corrida de cavalos, personalista, temático e episódico. O enquadramento “corrida de cavalos”/estratégico ocorre quando a cobertura dá enfoque à posição dos candidatos na disputa ou às suas estratégias para manter ou modifica o quadro de concorrência. Chama-se por vezes por cobertura estratégica, usando a metáfora de jogos, onde os candidatos apresentam-se como ganhadores ou jogadores que reportados, muitas vezes, em sondagens de opiniões. Quando a preocupação do jornalista é focalizar as características pessoais do candidato, o enquadramento é chamado personalista. O enquadramento episódico é o que dá mais enfoque às ocorrências do dia-a-dia da campanha; e o enquadramento temático situa-se no âmbito de debates a respeito de propostas apresentadas pelos candidatos. Para além destas quatro categorias, foi acrescentada mais uma, o enquadramento dramático. A televisão mede-se muitas vezes pelo espectáculo, envolvendo situações de conflito. O enquadramento dramático resulta, muitas vezes do valor notícia de construção chamado drama. Segundo Traquina (2007), a dramatização tem sido um elemento que ilustra as controversas dos políticos, uns acusando os outros, fazendo enfoque ao lado conflitual e emocional da “estória”. Neste período de pré-campanha, grande parte dos artigos publicados tiveram uma orientação mais de corrida de cavalos, ilustrando os espaços e o protagonismo que os partidos iam …