Nota de abertura

A monitoria da cobertura dos media nos processos eleitorais cumpre um papel fundamental, sobretudo pelo facto de os jornalistas constituírem numa das fontes de informação fundamental a partir da qual os eleitores tomam conhecimento sobre os programas e os candidatos concorrentes. Como é sabido, a informação configura-se como o condimento primordial para os eleitores tomem conhecimento das ofertas dos candidatos e façam as suas escolhas. Normativamente, não se pode pensar num processo eleitoral sem informação.
No leque das várias fontes de informação, como os espaços de antena dos partidos, os comícios, as redes sociais proporcionadas pelos novos media; o trabalho dos jornalistas ocupa um espaço especial graças ao seu estatuto social e a lógica do seu funcionamento que lhe permite agir como um filtro dos eventos e indicar aos cidadãos o que há de “mais importante”, ao longo da campanha eleitoral, segundo os seus critérios de classificação. Dir-se-ia, numa forma mais simples, que de recolha e divulgação das actividades de campanha feita pelos media noticiosos configura-se, idealmente, como credível, uma vez a função social do jornalista definir-se pelos valores de isenção, imparcialidade e objectividade.

No entanto, os problemas que levam a monitoria da cobertura eleitoral derivam do próprio papel social do jornalista e das limitações do seu trabalho. Muitas vezes, os políticos por reconhecerem o papel que os media noticiosos gozam na sociedade, empreendem diversas estratégias de pressão dos actores do campo jornalístico com a finalidade de angariar uma cobertura positiva sobre os seus candidatos, por vezes, criando efeitos negativos sobre a campanha dos adversários.
Com a profissionalização da comunicação política, surge o efeito spin doctoring, uma a actividade profissionalizada realizada por profissionais de comunicação ligados aos partidos políticos que trabalham com o objectivo de obter uma influência favorável da cobertura dos jornalistas nas campanhas eleitorais. O termo Spin Doctoring é usado para caracterizar os métodos mobilizados pelos políticos, partidos e consultores para alcançar uma publicidade favorável. Para alcançar seus objectivos eleitorais, algumas campanhas lidam directamente com os media, outras são responsáveis por melhorar a sua própria campanha partidária e outras são encabeçadas a constituir-se como um instrumento de luta contra a oposição(1).

Efectivamente podemos dizer que é na retórica da credibilidade da informação que se geram os efeitos de propaganda. Isto é, o facto de o público reconhecer os media como fonte credível para a informação sobre os candidatos e suas propostas, o jornalismo torna-se num campo de luta e de disputa pelos partidos políticos. Quando o jornalista, por vários motivos ligados às fragilidades da sua profissão, dentre os quais as limitações financeiras, as ligações organizacionais e pessoais com os candidatos e partidos políticos, o produto do seu trabalho torna-se lesivo aos reais objectivos da cobertura eleitoral que é promover uma participação consciente.
A monitoria da cobertura eleitoral cumpre assim um papel de instância de controlo, entre a demarcação do papel informativo dos media e o grau em que tendem a ser capturados pelos partidos políticos, no quadro neste quadro de disputas entre o normativo e os jogos de interesses políticos.
Dentro da sua missão, o Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (CEC), em parceria com o Sindicato Nacional dos Jornalistas, realiza este papel de “observador” da acção dos media na cobertura da campanha eleitoral de 2014. Para este ano, o trabalho procura ser feito de forma inovadora: ao invés de produzir um relatório final da campanha, os pesquisadores vão, ao longo da campanha emitindo relatórios semanais da cobertura, como forma de garantir que os jornalistas possam ser capazes de reverem a orientação da cobertura, de acordo com os resultados divulgados.
Para além das informações gerais produzidas a partir dos gráficos de frequências, os artigos semanais serão acompanhados de uma análise qualitativa de cada um das variáveis importantes da monitoria da cobertura eleitoral. Com isso, os pesquisadores do CEC pretendem fornecer um maior conhecimento público sobre os padrões de qualidade da cobertura eleitoral, assim como a sua orientação durante a campanha eleitoral, em Moçambique.
O relatório final da campanha irá trazer a análise global da campanha, tendo em conta as diversas variáveis analisadas.

(1) ESSER, F. et al. (2000). Spin Doctoring in British and German Election Campaigns: How the Press is Being Confronted with a New Quality of Politic PR. In European Journal of Communication. http://ejc.sagepub.com/cgi/content/abstract/15/2/209. Acesso aos 27 de Dezembro de 2008.

CEC homenagea mulheres do sector informal

Está aberta, até 27 de Julho, na Minerva Central, a exposição fotográfica “Mulheres no espaço público”, de Adérito Maundze, em homenagem às mulheres do sector informal. Esta exibição, organizada pelo Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (CEC) teve a sua abertura no dia 05 de Julho.

Na sessão de inauguração, o autor das fotos explicou que a ideia da exposição surgiu no âmbito da materialização do projecto MediaFemme do CEC, pelo qual pôde acompanhar e ficou impressionado com o trabalho da dona Cacilda, uma mulher que confecciona alimentos no mercado Mandela, na cidade de Maputo. Com esta exibição, o fotógrafo pretende chamar a atenção do público no sentido de ter um olhar crítico sobre as condições de trabalho da mulher do sector informal. “Esta exposição é a realização de um sonho, porque me permitiu fazer o que muitos não fazem, principalmente os jovens que é prestar uma homenagem a essas mulheres que considero heroínas”, explicou Adérito Maundze.

Em representação ao MediaFemme, Wanderleia Noa, do CEC referiu que o projecto Media Femme através do qual surgiu a idéia da exposição é uma plataforma que serve de laboratório, e visa formar a mulher jornalísta e instruí-la a comprometer-se com a justiça social em prol da mulher e criança.

A cerimónia de abertura contou tambem, com a presença de representantes da Associação da Economia Informal de Moçambique e do representante da ONU Mulheres,  Boaventura Veja, que durante o momento de reflexão sobre o papel do sector informal no empoderamento económico das mulheres enalteceram a importância desta no desenvolvimento da economia moçambicana. A cerimónia foi animada pela actuação da banda femenina da UEM ‘As Marias’.

DIA MUNDIAL LIBERDADE DE IMPRENSA EM MOÇAMBIQUE 2018

Alusivo à celebração do dia Mundial de Liberdade de Imprensa, foi realizado no dia 3 de Maio de 2018, um evento sob o lema “Mantendo a vigilância sobre o poder: A imprensa, justiça e Estado de Direito”

Sociedade Civil Avalia o Impacto dos Investimentos para as Comunidades

Embora com algumas excepções, de um modo geral, a olhar pelos relatórios divulgados pelas Organizações da Sociedade Civil que operam no país, os reassentamentos continuam a violar alguns direitos humanos e a impor desafios principalmente às mulheres e crianças, por serem as pessoas que mais tempo passam nos lares improvisados.

Durante o Seminário Nacional sobre Reassentamentos, Direitos sobre a terra e segurança alimentar das comunidades afectadas pelos grandes investimentos realizado no mês de Junho em Maputo, a Presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados de Moçambique, Ivete Mafundza referiu, por exemplo, que em todas as comunidades abrangidas pelos projectos Vale Moçambique, Anadarko, ProSavana e Corredor de Nacala são quase inexistentes estudos específicos de monitoria da segurança alimentar e nutricional, e a Ordem dos Advogados de Moçambique tem constatado uma série de irregularidades, queixas, ameaças e violação aos direitos fundamentais das comunidades que se manifestam de forma preocupante. “Em Marara, província de Tete, parte da comunidade de Cassoca, de pouco mais de 289 famílias afectadas pelo projecto de exploração de carvão mineral ainda não foi reassentada, não obstante o processo de reassentamento ter sido iniciado me 2010. As famílias em causa vivem num ambiente que as expõe à poluição e que periga as suas vidas. O facto de já terem transcorrido seis anos e ainda não ter sido concluído o processo deste reassentamento, revela tratar-se de uma situação injusta e motivo de justificada preocupação,” disse Mafundza.

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A batalha social e legal das mulheres na comunicação social

Desigualdade de género, assédio sexual e estigmatização são algumas das barreiras que muitas mulheres que sonham com uma carreira profissional tem enfrentado no mundo da comunicação, barreiras cujos dispositivos legais muitas vezes ignorados podem ajudar a ultrapassar.

Texto: Assmina Macuácua    Fotos: Adérito Maundze

O TESTE

Esta foi a declaração do Jacob Mapossa, estagiário do Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação, CEC, no âmbito de encerramento do ciclo de estágios e atribuição de certificados a todos(as) beneficiários(as) destas oportunidades.

 

Jacob Mapossa, estudante finalista do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação e Artes  (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) estagiou no CEC na área de Observatório de Media, uma plataforma que promove fóruns permanentes de debate, pesquisa e advocacia sobre a qualidade, diversidade e respeito às questões éticas na media em Moçambique.  

“A Tragédia de Caphirizange e a Indústria Extractiva”

Foi lançado, nessa sexta-feira, em Maputo, o estudo sobre “A Tragédia de Caphirizange e a Indústria Extractiva”. A pesquisa conclui que a comercialização ilegal do combustível beneficia a indústria extractiva, sendo que e o Estado deve pensar num modelo a implementar no país visto que o sector cresceu drasticamente e não se observou o acompanhamento, manuseamento e conservação do mesmo o que consequentemente gera oportunistas.

Acesse o Link abaixo para baixar o relatório da pesquisa!

 

 

Mesa redonda Sobre Migração Digital 2017

Membros do Observatório de Migração Digital reuniram-se na manhã desta Terça-feira, em Maputo, para reflectir sobre a modernização, compatibilidade, acessibilidade do processo de migração digital em Moçambique, na mesa-redonda organizada pelo CEC- e MISA Moçambique.

Os participantes concordaram que a percepção da migração digital deve ser clara para que seja inclusiva, tendo sido levantados dois pontos importantes, um sobre a questão da compatibilidade do equipamento e o outro sobre o custo do sinal, uma vez que, numa primeira fase, serão disponibilizados 400 mil set-top-box (descodificador), a um preço compatível ao custo de produção.

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